19 de fev. de 2011

Peixes Pássaros Pessoas

Há cerca de mês estive no Rio de Janeiro e fui conferir a exposição do artista holandês Escher, admito a minha ignorância e confesso que antes de me deparar com os seus fantásticos trabalhos gráficos, que tratam de infinito, metamorfoses e sincronismo, só conhecia aquele famoso e tão reproduzido trabalho: "mão desenhando outra mão". Não ligava seu nome às obras.
Há cerca de dois meses, em São Paulo e ainda no ano de 2010, fui conferir o show da cantora Mariana Aydar, admito a minha ignorância e confesso que só conhecia umas versões que ela tinha feito do Caetano Veloso e da Leci Brandão. Olha lá mais uma cantora nova e bonita que canta uns sambinhas. Mas isso foi antes do show e antes de ouvir o álbum Peixes Pássaros Pessoas.
E o que Escher tem a ver com Aydar?

Peixes são iguais a pássaros
Só que cantam sem ruído
Som que não vai ser ouvido
Voam águias pelas águas
Nadadeiras como asas
Que deslizam entre nuvens
Peixes, pássaros, pessoas
Nos aquários, nas gaiolas,
Pelas salas e sacadas
Afogados no destino
De morrer como decoração das casas
Nós vivemos como peixes
Com a voz que nós calamos
Com essa paz que não achamos
Nós morremos como peixes
Com amor que não vivemos
Satisfeitos? mais ou menos
Todas as iscas que mordemos
Os anzóis atravessados
Nossos gritos abafados
Essa música e a obra de Escher dialogam na questão de que somos uma coisa só, uma merda só, metamorfose, em transformação perpetuando o ciclo infinito. A matéria viva que existe, co-existe e desiste posto alguns obstáculos...estamos mais interligados do que pensamos, justamente por pertencer a mesma Terra.
A música que precede Peixes é o forró: Tá?, escrita por Pedro Luís e Roberta Sá, essa canção fala da constante destruição da natureza, dos habitat naturais para um fim imediatista e lucrativo, adivinha quem é o culpado disso, "não vou dizer seu nome porque ele desgasta, pra bom entendedor meia palavra basta, tá"
Estreitando essa relação Homem-Natureza, que parece ser uma forte temática desse álbum, tem a música Poderoso Rei, um samba digno de majestade, quase um samba-enredo elogiando o Sol.
Outras músicas que valem ser notadas são: Aqui em casa ( um balde de água fria em qualquer amigo(a) que pensou que a amizade pudesse se tornar algo mais, mas a letra é divertida e a descrição da casa lembra muito a minha e a de muitos amigo(a)s meus. Pras bandas de lá (bem animada, própria pros momentos do foda-se e dos retiros voluntários pra fugir do caos).
O álbum conta com algumas participações: Lanny Gordin, Mayra Andrade (ótima cantora cabo-verdiana, procurem a música Lua) e Zeca Pagodinho, que como disse o Chico Mineiro..esse aí tá que nem arroz de festa, fazendo participações no álbum de todo mundo.
Mas a música que mais me impressionou foi: Palavras não falam, em ritmo caribenho. latino-americano, essa letra trata da problemática de escrever, uma incrível expressão metalinguística dos trabalhos de composição e que no final das contas são só palavras...o clipe é belo!


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