26 de mar. de 2011

"Deus nos livre de Simonal!"


Há alguns semestres, estava eu procurando alguns documentários para download que retratassem a biografia de músicos. Foi aí que conheci Wilson Simonal, o cara que já foi considerado o maior cantor da MPB e que hoje quase ninguém sabe quem é. Fiquei bem intrigado com isso, afinal eu sou admirador de MPB há 12 anos e nunca tive acesso (ou interesse de buscar) o material fonográfico do cara...

Simonal veio de família pobre, ficou conhecido gradativamente na TV e foi consagrado por um show que abriu no Maracanãzinho, no qual regeu um coro de mais de 30 mil pessoas. O "pilantrão" teve um programa de TV, era amigo da seleção brasileira da década de 70, garoto propaganda da Shell e pegava geral na balada!

Seu estilo musical era algo bem diferente de tudo que existia na época. Lançou um movimento intitulado "Pilantragem", algo que sucedia a Maladragem e incrementava novos elementos. Sua música alegrava as massas, era dançante e não fazia críticas à realidade política ou social da época. Esse caráter "goodtrip" de seu som em tempos de chumbo, mesclado a uma inquietação despertada na crítica devido à sua altíssima popularidade, digamos que deu merda: muita merda!

Em um dia "badtrip", o contador de Simonal lhe comunicou que ele estava prestes a falir devido a seus inúmeros gastos e à perda do patrocínio por parte da Shell. Simonal o demitiu e o mesmo entrou com um processo trabalhista na justiça. O contador foi parar num prédio do DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social) e foi torturado por uma noite. Tudo isso se tornou uma história muito mal explicada até hoje. Posteriormente, em sua defesa, numa atitude desesperada, Simonal afirmou na delegacia que era um "homem do governo". Aí sim ele se queimou grandão!

O fato é que Simonal foi preso e condenado a 5 anos de prisão e, após isso, a mídia se fechou completamente pra ele, as casas de show não podiam contratá-lo para não serem boicotadas por outros artistas e o cara caiu no esquecimento por ter sido rotulado como o Judas da classe artística.

Sabem como é, caros cristãos, podemos perdoar o cara que mata a própria mãe, mas um "dedo duro": jamais! Simonal morreu em 2000, no esquecimento e ainda fodido pela cirrose hepática... Alguns anos antes de morrer, o cara frequentava o show dos filhos (Simoninha e Max Castro) e se escondia atrás da cortina para que sua presença não prejudicasse a carreira dos filhos.

Quem quiser saber mais sobre essa Simonal, assista o documentário "Ninguém Sabe o Duro que dei". A primeira contribuição que deixo pro blog é a trilha desse documentário. Uma coletânea com várias músicas dançantes, cheias de suingue e com o peso da voz de Simonal. Deve-se ressaltar as diversas faixas que abordam o preconceito vivenciado e o orgulho sentido por um moleque negro e pobre que conseguiu comprar 3 carros importados. Destaque para as faixas "Nana", "Zazuera", "Carango" e "Sá Marina"!


  • Wilson Simonal - Ninguém Sabe o duro que dei (2009)

  • 1. Carango
  • 2. País Tropical
  • 3. Meu Limão, Meu Limoeiro
  • 4. Não Vem que não Tem (Nem vem que não)
  • 5. Mamãe Passou Açúcar em Mim
  • 6. Vesti Azul
  • 7. Tributo a Martin Luther King
  • 8. Está Chegando a Hora
  • 9. Balanço Zona Sul
  • 10. Roda
  • 11. Mamãe eu Quero
  • 12. Samba do Mug
  • 13. Zazueira
  • 14. Brasil eu Fico
  • 15. Nanã
  • 16. Sá Marina

Espero que gostem!

Chico Mineiro.

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